Um dos prazeres desta vida está em descobrir as coisas! Sinto-me
privilegiado em poder conversar com tantas pessoas e descobrir um pouquinho
mais de cada um deles. Mas quando me deparo com pessoas muito mais jovens do
que eu, e que possuem conteúdo, mostram que sabem exatamente o que querem da vida
e lutam bravamente por isso, muitas vezes chego perto das lágrimas. Com Renato
Pestana foi assim, já o conhecia de vista, mas ter esse bate papo repleto de
sintonia e caráter, me deixou feliz, e com certeza renovou minhas esperanças na
juventude deste país. Confiram!
HM Breakdown: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e
por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e suas
atividades.
Renato Pestana: Opa! Primeiramente gostaria de agradecer
pela oportunidade, estou bem feliz de poder conversar com vocês. Obrigado!
Bom, sou o baterista da banda Fatal, que mesmo existindo
desde meados de 2011 (com outros integrantes e até outro nome), tem aparecido
um pouco mais no cenário paulistano de Thrash Metal no ultimo ano.
Tenho estado bastante ocupado com os diversos shows e as
gravações do nosso primeiro EP que acabaram recentemente. Com o pouco tempo que
me sobra, me mantenho ativo estudando o instrumento, fazendo trabalhos
freelance, gravando para alguns amigos e até mesmo dando aulas.
A parte de tudo isso, tenho um projeto de rock progressivo
que logo entrará em estúdio e lançará material próprio também.
HMB: Como você se tornou baterista?
Renato: Meu primeiro contato com a bateria foi aos 8 anos,
eu acho. Meu irmão estudava violão e um dia fui visitar a escola onde ele tinha
as aulas. Eu vi uma bateria pequena e posso dizer com certeza que foi amor a
primeira vista. Lembro que passei a tarde toda batendo nos tambores sem ter a
mínima noção do que estava fazendo (risos).
Mais tarde, lá pelos meus 10 anos de idade, minha mãe me viu
fazendo air drums e me prometeu que um dia me daria uma bateria. Ela cumpriu a
promessa e aos 12 anos ganhei meu primeiro kit.
Comecei a estudar sem saber muito bem o que queria com o
instrumento. Acho que passei praticamente um ano sem ter muita ideia do que
queria.
Isso mudou completamente a partir do momento em que conheci
o Ian Paice e o Deep Purple. Foi ali, que decidi que me tornaria um verdadeiro
baterista.
HMB: E como foi o seu primeiro contato com um professor?
Você acha que aulas de música deveriam figurar na grade escolar de todo o país?
Renato: Com certeza! Música é cultura e, apesar de o Brasil
ter uma cultura muito rica, ela não é bem disseminada.
Creio que se lecionassem música nas escolas públicas como
parte da grade curricular, já haveria um grande avanço na disseminação cultural
e abriria mais espaço para música boa na mídia em geral. Nunca tive professores
de nome e nunca estudei em escolas de música famosas, mas devo muito aos
professores que tive, pois me ensinaram a gostar de tudo o que é bom e bem
feito. E me mostraram que música é, acima de tudo, sentimento.
HMB: Fico muito feliz em ouvir isso! Como é a sua relação
com outros tipos de músicas que não o Heavy Metal ou o Rock em geral?
Renato: Não me prendo muito a estilos musicais. Sempre ouvi
de tudo, gosto de música em geral, desde que soe boa aos meus ouvidos.
Cresci ouvindo MPB, Bossa Nova e Samba e acho que isso
contribuiu muito para o meu gosto musical hoje em dia.
Gosto muito das músicas dos anos 60 e 70, pois foi uma época
em que havia muito experimentalismo, não haviam muitos limites na música e as
pessoas tinham liberdade pra criar, mudar e mesclar estilos a bel prazer.
E, por incrível que pareça, não sou um grande fã do Heavy
Metal e nem das suas vertentes mais pesadas. É um dos estilos que menos ouço,
na verdade. Não é algo que me influencia tanto.
HMB: E isso de alguma forma influência na sua maneira de
tocar, melhor, você agrega diversos outros estilos na hora da criação das suas
linhas de bateria?
Renato: Sim, com certeza! Apesar de o Thrash Metal ter
linhas de bateria um tanto limitadas, tento sempre colocar um pouco do swing e
do feeling que trago do Jazz e do Funk.
Muitos bateristas de Metal atuais se esquecem de onde
vieram. A história da bateria esta intimamente ligada à história do Jazz e foi
a partir dali que a maioria dos estilos evoluiu.
Bateristas como John Bonham, Cozy Powell, Mitch Mitchel e
Ian Paice beberam da mesma fonte e essa fonte é o Jazz. E, se todos eles são
admirados hoje em dia, então por que não bebemos o mesmo que eles para, quem
sabe, sermos admirados num futuro distante?
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